quinta-feira, 10 de julho de 2014

pelo mundo as notícias correm
e o barco de Caronte não cessa de navegar
tão lindos são os seus mortos
e tão sagrados
que festa seria estivessem vivos
tão lindos são os seus mortos
e tão sinceros
deviam estar brincando quando surpreendidos
agora o espírito assombrado
flutua absorto diante da carne rota
onde antes havia fala
onde antes havia riso
e no coração habitava
um desejo enternecido
os gritos dos pais são lágrimas silenciosas
onde estarão meus meninos
desde que saíram da pátria mitificada?
outros vales habitarão?
terão enfim sua morada?

do útero escuro da terra escorre um clamor sem nome